Imprensa - 24 de abril de 2017 48,3% dos consumidores endividados da capital mineira estão inadimplentes devido a compras parceladas no cartão Sugestão de Pauta Uma pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) aponta que mais de 45% dos consumidores inadimplentes da capital mineira encontra-se nessa situação porque utilizaram o parcelamento no cartão de crédito ao realizarem suas compras. Para Ana Paula Bastos, economista da CDL/BH, o consumidor deve ficar atento a algumas situações para evitar contrair dívidas. “Descontrole financeiro, compras em vários cartões, pagar a fatura após o vencimento, quitar somente o valor mínimo ou comprometer a renda com parcelas longas e de valor elevado podem contribuir para o endividamento”. A economista alerta que “a taxa de juros do rotativo do cartão chegou ao recorde de 482,1% ao ano em dezembro de 2016”. Segundo os dados do Perfil do Inadimplente da CDL/BH, 55,0% dos homens da capital estão inadimplentes em função do cartão de crédito, assim como a maioria dos consumidores da faixa etária entre 55 a 64 anos (66,7%) e os desempregados (53,3%). Ainda de acordo com o estudo, outras formas de pagamento que levaram ao endividamento foram empréstimos com bancos/financeiras (17,2%), boletos de telefone, saúde, educação (11,5%), crediário (8,0%), contas de luz, água (4,6%), empréstimos com terceiros (4,6%), dinheiro (4,6%) e cheque à vista (1,1%). Outro indicador que chama a atenção na pesquisa é que quanto maior a renda dos consumidores, maior a quantidade de cartões. Na faixa entre os que recebem de cinco a 20 salários mínimos, 12,5% possuem três cartões de crédito. Número excessivo de parcelas aumenta o risco de inadimplência Quando perguntado aos consumidores em quantas parcelas foi efetuada a compra que os levou à inadimplência, 25,0% deles responderam que foram mais de 12. Outros 17,2% parcelaram de oito a 10 vezes. Até três parcelas corresponde a 14,1% dos entrevistados. Outros 10,9% compraram parcelando de quatro a sete vezes e 23,4% não responderam ou não sabem. “Muitas vezes o consumidor não analisa o impacto de um parcelamento a longo prazo em seu orçamento e acaba se endividando. É preciso se planejar para não comprometer demais a renda, levando-se em consideração o pagamento de contas básicas, como água, luz, telefone, aluguel e, até mesmo, outros possíveis parcelamentos já existentes”, explica Ana Paula. Na análise segmentada por gênero, grande parte das mulheres (35,5%) afirmou ter comprado em mais de 12 parcelas. Já 18,2% dos homens disseram que parcelaram em até três vezes. “Observamos um visível desequilíbrio entre os gêneros. As mulheres possuem menor controle financeiro e, por isso, se endividam mais, conforme divulgado em pesquisa da CDL/BH sobre uso do crédito”, analisa a economista. Na análise por estado civil, casados (29,0%) e divorciados (25,0%) também se endividaram por comprarem em mais de 12 parcelas. Consumidor deve ficar atento às facilidades oferecidas pelos bancos O estudo também demonstra que, em todos os perfis analisados, 56,6% dos consumidores afirmam concordarem totalmente que as facilidades oferecidas pelas administradoras dos cartões de crédito e pelos bancos aumentam o risco da inadimplência. “Por esse motivo é fundamental que as pessoas tenham controle sobre suas finanças. Assim é possível aproveitar sem riscos o crédito oferecido”, afirma Ana Paula. Mas, na contramão das orientações da economista, a pesquisa mostra que apenas 11,1% dos entrevistados afirma que sempre realiza algum tipo de planejamento orçamentário para ficar em dia com os compromissos financeiros. A maioria, 25,3% diz que somente às vezes se planeja financeiramente. Raramente e nunca registraram, cada um, 16,2% das respostas. Outros 14,1% disseram quase sempre fazer algum planejamento. Nas análises segmentadas, jovens adultos (34,5%) e pessoas de 55 a 64 anos (33,3%) afirmam que, às vezes, realizam algum tipo de planejamento. Já os consumidores de 20 a 24 anos (25,0%), relatam que às vezes e/ou raramente realizam algum planejamento. Na faixa de renda, observa-se um nítido contraste. Dentre os que recebem de cinco a 20 salários mínimos, 25,0% afirmam que às vezes e/ou quase sempre realizam algum planejamento. Entre os que recebem até dois salários (35,2%) planejar-se é um hábito que acontece raramente. 50% dos viúvos relatam que sempre fazem algum tipo de planejamento. Os solteiros chamam a atenção por afirmarem, em sua grande maioria, que nunca (26,3%) ou raramente (21,1%) se planejam financeiramente. Desemprego é uma das principais causas da inadimplência Entre as causas da inadimplência, 42,2% dos entrevistados atribuíram ao desemprego, à queda na renda e à crise econômica. Outros 18,2% discordam dos valores cobrados. A falta de planejamento vem a seguir, representando 10,1%. Outros motivos citados foram: priorizou outra conta (9,1%); não responderam, não receberam fatura/carnê e falta de planejamento/uso excessivo do cartão somam 4,0% cada; causas externas (3,0%); juros e taxas abusivos (2,0%); compra para terceiros, condomínio e doença/falecimento (1,0% cada). Na análise por gênero, 52,7% das mulheres afirmaram que o desemprego, a queda na renda e a crise econômica foram os responsáveis pelo endividamento. Entre os jovens de 20 a 24 anos, também é grande o número de entrevistados que relacionou a inadimplência ao desemprego (66,7%), assim como os separados/divorciados/desquitados (54,5%). A discordância dos valores cobrados das dívidas foi a opção citada por 70,0% dos aposentados e pensionistas. Já a priorização de outras contas aparece como causa do endividamento de 25,0% dos consumidores da classe A/B. Metodologia – A pesquisa da CDL/BH ouviu cem consumidores de Belo Horizonte e Região Metropolitana, em março de 2017. Tem nível de significância de 95%.