Imprensa - 14 de fevereiro de 2017 Comércio da capital fechou 2016 com queda de 1,49% nas vendas Sugestão de Pauta A retração econômica e a instabilidade política do país impactaram negativamente no comércio em 2016. De acordo com o Indicador de Vendas da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o desempenho do comércio na capital no acumulado de doze meses apresentou queda de 1,49%. Mesmo com essa retração, o resultado foi melhor que o obtido no mesmo período de 2015, quando fechou com queda de 4,34%. Segundo o presidente da CDL/BH, Bruno Falci, inflação alta, juros elevados, crescimento do desemprego e quedas sucessivas no PIB contribuíram para a diminuição do consumo e dos investimentos diretos, que geram emprego e renda. “Com o orçamento comprometido com os custos básicos, a população preferiu adiar suas compras, principalmente dos bens considerados supérfluos, para evitarem dívidas que futuramente não poderiam pagar”, explica. Ainda de acordo com o dirigente, a expectativa de retração nas vendas estimada pela CDL/BH para 2016 era ainda maior, na casa dos 2,97%. Desempenho de Vendas Comércio BH – Base Acumulado do Ano (Gráfico 1) O setor que apresentou a maior queda durante o ano de 2016 foi o de máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (-2,31%). Em seguida aparecem: papelarias e livrarias (-2,21%); tecidos, vestuário, armarinho e calçados (-0,95%); ferragens, material elétrico e de construção (-0,80%); veículos e peças (-0,69%) e drogarias, perfumes e cosméticos (-0,22%). Os setores que apresentaram crescimento foram: artigos diversos que incluem acessórios em couro, brinquedos, óticas, caça, pesca, material esportivo, material fotográfico, computadores e periféricos e artefatos de borracha (+0,58%) e supermercados e produtos alimentícios (+0,30%). Balanço – Na opinião de Bruno Falci, estamos inseridos em um cenário adverso. No entanto, a inflação começou a desacelerar já em janeiro deste ano. “Os juros também iniciaram uma trajetória de queda, o que beneficia os investimentos e incentiva a geração de emprego e renda. Além disso, o governo ainda instituiu um controle de gastos para evitar a deterioração das contas públicas”, salienta. Para o dirigente, a conjunção destes fatores, aliado a políticas econômicas de fomento de curto prazo, possibilitará uma recuperação da economia, mesmo que lenta. Dados do Banco Central apontam a previsão do PIB saindo de -3,5% em 2016, para 0,5% em 2017 e chegando a 2,25% em 2018. Mês/Ano Síntese dos resultados Mês imediatamente anterior Mês ano anterior Acumulado do ano 2008 14,20% 5,60% 4,00% 2009 16,30% 5,20% 6,10% 2010 15,50% 10,40% 10,10% 2011 8,12% 6,09% 7,31% 2012 9,24% 7,66% 9,17% 2013 3,91% 5,04% 4,61% 2014 3,27% 1,56% 2,08% 2015 2,99% -3,81% -4,34% 2016 1,24% -1,84% -1,49% Desempenho em dezembro – O índice real de vendas apresentou, na comparação com o mês imediatamente anterior (dezembro 2016/novembro 2016) um crescimento de 1,24%. “Dezembro é uma base forte de comparação por ter contado com o Natal, data com forte apelo emocional. As pessoas presenteiam mesmo com produtos de menor valor, fator que contribui para a movimentação do comércio. Mas, ainda assim, o crescimento registrado é considerado pequeno”, pontua Bruno Falci. Nessa base de comparação (Dezembro/Novembro) os setores que apresentaram queda foram: ferragens, material elétrico e de construção (-1,58%) e veículos e peças (-0,08%). Apresentaram crescimentos os seguintes setores: drogarias, perfumes e cosméticos (+1,97%); máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (+1,84%); papelarias e livrarias (+1,35%); tecidos, vestuário, armarinho e calçados (+1,20%); supermercados e produtos alimentícios (+0,64%) e artigos diversos (+0,42%). Desempenho Vendas Comércio BH – Base Mensal (Gráfico 2) Fonte: Setor de Pesquisa, Economia e Mercado – CDL/BH Já na comparação com o mesmo mês do ano anterior, dezembro de 2016 apresentou uma queda de 1,84% em relação a dezembro de 2015. O presidente da CDL/BH explica que este decréscimo nas vendas é resultado, mais uma vez, da desaceleração da atividade econômica durante todo ano de 2016, com inflação em patamares elevados e aumento na taxa de desemprego. “A conjunção destes fatores leva a uma redução do poder de compra das famílias, impactando negativamente nas vendas”, afirma. Todos os setores apresentaram queda nesta base de comparação: veículos e peças (-3,91%); máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (-2,17%); drogarias, perfumes e cosméticos (-2,06%); tecidos, vestuário, armarinho e calçados (-1,13%); papelarias e livrarias (-1,10%); supermercados e produtos alimentícios (-0,46%); artigos diversos (-0,25%) e ferragens, material elétrico e de construção (-0,14%). Desempenho Vendas Comércio BH – Base Anual (Gráfico 3) Segundo Bruno Falci, a esse resultado deve-se atribuir também o cenário em que a capital mineira estava inserida no mês de dezembro de 2016. “Houve atraso e parcelamento do 13º salário para o funcionalismo público estadual. Isso diminuiu a renda em circulação e acabou por impactar negativamente nas vendas do varejo”, finaliza.