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Condições de motocicletas em circulação em BH melhoram, mas ainda é alto número de acidentes e quilometragem percorrida

Sugestão de Pauta

Balanço final da campanha Ande Seguro mostra que maioria dos condutores não possui plano de saúde e atua de forma autônoma. Mais de 35% já se acidentou e 52% realizam entre 21 e 40 entregas por dia. Maior parte percorre mais de 150 quilômetros diariamente

O balanço final da 10ª edição da campanha Ande Seguro, ação educativa que visa conscientizar os motociclistas em circulação na capital mineira sobre as condições de conservação das motocicletas e dos equipamentos de segurança, mostra que, nos últimos 10 anos, os condutores deste tipo de veículo tornaram-se mais atentos à manutenção. 

De maneira geral, o estado de conservação e o uso de equipamentos como capacete, calçados, freio, pneus e relação (coroa , corrente e pinhão responsável pela transmissão da moto) avançaram consideravelmente, conforme tabelas abaixo: 

CAPACETEÓTIMOBOM RUIM
201411,7%49,5%38,7%
202352,44%38,37%9,19%
CALÇADOÓTIMOBOM RUIM
201419,6%54,7%31,4%
202325,93%57,04%17,03%
FREIOÓTIMOBOM RUIM
201413,9%54,7%31,4%
202370,07%17,33%12,60%
PNEUSÓTIMO BOM RUIM
201411,7%50,7%37,7%
202353,04%38,81%8,15%
RELAÇÃOÓTIMOBOM RUIM
201422,9%57,8%19,3%
202354,81%37,93%7,26%

Além da melhoria dos equipamentos, notou-se também uma mudança de perfil dos motociclistas nas últimas décadas. Em 2014, 40,18% declararam-se motofretistas. Neste ano, 41,3% disseram ser motofretistas e 13,3% atuam em aplicativos de transporte.

Atualmente, a grande maioria dos motociclistas em circulação na cidade (91,7%) são do gênero masculino e 8,3%, do gênero feminino. Também notou-se um crescimento no registro como microempreendedor individual (MEI) ou contrato celetista. 

“Em 10 anos da Campanha Ande Seguro, alcançamos nossos objetivos de melhorar as condições das motocicletas e dos equipamentos, além de coletar dados e demandas do setor. Muitos estão buscando a condição de MEI para ter acesso a benefícios como auxílio-doença e previdência social. Isso nos mostra que, para além da fonte de renda, esses profissionais estão preocupados em resguardar o futuro”, analisa o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva. A entidade é a realizadora da campanha, por meio da Câmara Setorial CDL/BH – Duas Rodas. 

30 dias afastado das atividades 

O balanço revelou que um terço dos motociclistas (35,2%) da cidade já se acidentou pelo menos uma vez. A maioria dos condutores acidentados (52,5%) ficou afastada das atividades por, pelo menos, 30 dias. Considerando que a maior parte dos motociclistas é autônoma (42%) e não possui plano de saúde (62,8%), acende-se um alerta para a manutenção da renda das famílias desses profissionais e também a sobrecarga do sistema público de saúde. 

“O aumento do número de pessoas atuando como motofretistas é uma herança da pandemia, onde muitos recorreram a essa atividade para se manter. O problema é que muitos não têm treinamento adequado para transporte de produtos e serviços, o que causa mais acidentes, e fazem desta atividade uma fonte de renda, seja a principal ou segunda opção. A paralisação desses profissionais por um mês traz prejuízos financeiros pessoais e aumento de gastos para o poder público”, explica Marcelo de Souza e Silva. 

Dos entrevistados que afirmaram já terem se acidentado, 53% já sofreu um acidente; 20,3%, dois acidentes e 14,7%, se acidentou três vezes. Esses números podem ser explicados por fatores como aumento da frota circulante, um crescimento de 4,77% em 2023 em comparação a 2022, e também ao desconhecimento de noções de pilotagem segura, já que 72,4% afirmam nunca ter realizado um curso relacionado ao tema. 

“Temos um novo perfil de motociclista circulando na cidade. Devido à flexibilidade de horários e possibilidade de atuação autônoma, com remuneração atrativa em alguns casos, muitos têm optado por essa atividade, ainda que tenham pouca habilidade no trânsito. Como a maior parte atua como entregador e de forma autônoma, acabam percorrendo grande quilometragem e muitas entregas por dia”, destaca o diretor da Câmara Setorial CDL/BH Duas Rodas – Moto, Milton Furtado. 

Mais de 20 entregas por dia e acima de 50 quilômetros rodados

O levantamento revela que 36,3% dos motofretistas percorrem de 50 a 150 quilômetros por dia e 33,5%, acima de 150. Em relação às entregas, 52,2% realizam de 21 a 40 diariamente e 37,6%, fazem cerca de 20 entregas. 

Próximos passos

A partir dos dados obtidos nesta edição, a CDL/BH planeja atuar em três frentes na próxima edição: 

Moto Faixa:  solicitar estudo para implantação de faixa preferencial, para motociclistas em alguns corredores em que concentram maior número de acidentes; 

Microempreendedor individual: incentivo e facilitação de acesso dos motociclistas à condição de Microempreendedor Individual (MEI), tendo assim seus direitos e benefícios previdenciários garantidos; 

Curso de pilotagem: realização de cursos gratuitos de pilotagem defensiva em estacionamentos de shoppings em todas as regiões de Belo Horizonte. 

Acidentes de Trânsito – Número de atendimentos no Hospital João XXIII

Atendimento2023*2022202120202019
Motociclistas4.3244.715 4.7954.443 4.782
Veículos8921.1621.3261.2511.520
Ônibus329350 247217495
Pedestres9801.086 1.090 1.0011.488 
Ciclistas332358 398358 409 

*Dados de 1 de janeiro a 17 de outubro de 2023

Frota circulante e habilitados

(Fonte: Detran-MG – Coordenadoria Estadual de Gestão do Trânsito – Atualização em 17/10/2023)

Frota circulante por tipo de moto em Belo Horizonte em 2023: 287.339

Sendo:

  • Ciclomotor: 1.030
  • Motocicleta: 260.182
  • Motoneta: 26.127

Números de habilitados na categoria A em Belo Horizonte em 2023 

  • 2023: 8.421 

Ande Seguro

A 10ª edição da campanha Ande Seguro teve início no dia 28 de agosto e, ao todo, realizou 11 paradas educativas. Durante a ação, cerca de dois mil motociclistas tiveram os veículos avaliados nos seguintes itens: capacetes, freios, pneus, luzes, rodas e condições gerais do veículo. Os condutores também receberam gratuitamente a antena corta cerol, chaveiro, tirante e concorreram a sorteio de brindes como capacete, pneus, luvas e jaqueta.  

A Polícia Militar de Minas Gerais e a Guarda Municipal de Belo Horizonte também participaram das paradas com dicas de segurança de circulação e preservação do bem. A ação conjunta das entidades nasceu a partir do aumento do número de agressões e assaltos a motociclistas e motofretistas na cidade.