Imprensa - 21 de março de 2017 Inadimplência entre o público masculino está maior em Minas Gerais Sugestão de Pauta O cenário econômico adverso tem provocado uma série de reflexos, entre eles, aumento do desemprego, principalmente entre os homens. Como resultado disso, a inadimplência entre pessoas do sexo masculino vem aumentando no Estado, segundo aponta o Indicador de Dívidas em Atraso do Conselho Estadual de SPC de Minas Gerais. De acordo com a pesquisa, o índice de homens inadimplentes aumentou 3,06% na comparação anual. Entre as mulheres, o patamar foi de 2,86%. Bruno Falci, presidente do SPC Brasil e do Conselho Estadual de SPC de Minas Gerais, explica que o público masculino geralmente está atrelado às compras de maior valor agregado, o que pode acarretar possíveis dívidas em longo prazo, caso não sejam cumpridos os pagamentos. “Nos últimos meses foi observado aumento na proporção de homens desligados do mercado de trabalho (57,0%), de acordo com dados do RAIS/CAGED de janeiro de 2017. Além disso, os homens são os maiores responsáveis financeiros pelas famílias, 30,6% segundo uma pesquisa de uso do crédito divulgada pela CDL/BH em agosto de 2016. Tudo isso contribui para o aumento da inadimplência desse público”, analisa. Abertura por gênero do devedor – Anual (Grárico 1) Falci ressalta ainda que a alteração no perfil de devedores pode ser observada a partir do último trimestre de 2016, “justamente quando a taxa de desemprego entre os homens subiu”. Devedores pessoa física MG (Gráfico 2) Na abertura por faixa etária, no mês de fevereiro de 2017 em comparação ao mesmo mês de 2016, o número de inadimplentes mais jovens, com idade entre 18 e 24 anos apresentou queda de 25,92%, enquanto os devedores acima de 50 anos registraram a maior concentração (51,05%) entre as categorias. Bruno Falci explica que muitas pessoas acima dos 50 anos são aposentadas e, normalmente, as responsáveis financeiras pelas famílias, por isso sentem mais no bolso os reflexos do desequilíbrio da economia. “Grande parte dessas pessoas vive apenas com a renda da aposentadoria e têm um custo de vida elevado, já que possuem gastos com remédios e planos de saúde mais caros em função da idade”, salienta. Já entre os jovens o dirigente explica que “a queda se deve ao fato de estarem demorando mais a conseguir entrar no mercado de trabalho e, por isso, não conseguem consumir”. Variação Anual de Devedores por Faixa etária (Gráfico 3) Inadimplência de pessoas físicas – Em fevereiro de 2017 houve alta de 3,15% do número de pessoas físicas inadimplentes, na comparação com fevereiro de 2016, quando o patamar foi de 4,90%. “Apesar de um pouco menor em relação ao ano anterior, esse crescimento ainda é resultado do momento complicado da economia, que combina inflação alta, juros elevados, queda na renda real e aumento na taxa de desemprego”, reitera Falci. O dirigente ainda acrescenta que “com menor capacidade de pagamento, muitas pessoas têm focado seus recursos para a subsistência da família, deixando de quitar débitos passados”. Já na comparação mensal (fev.2017/jan.2017) houve queda de 1,06% no número de pessoas inadimplentes. Em 2016, o índice foi de alta de 0,20%. Pessoas Inadimplentes – Variação Anual (Gráfico 4) Número de dívidas – Na comparação anual, em fevereiro de 2017 foi verificado um aumento de 1,07% no número de dívidas de pessoas físicas em Minas Gerais junto ao SPC. No mesmo período de 2016, o aumento foi de 7,71%. “Aqui também, mesmo sendo um resultado um pouco melhor, ainda verificamos os reflexos do efeito corrosivo da inflação alta que diminui o rendimento da população, das taxas de juros elevadas, bem como da piora dos indicadores de emprego. A conjunção destes fatores aliado à falta de planejamento financeiro levou a este aumento”, ressalta o presidente do Conselho Estadual de SPC de Minas Gerais. Na comparação mensal (fev. 2017/jan.2017), houve queda no número de dívidas de 1,32%. Em 2016, esse índice foi de alta de 0,44%. Total de dívidas – Variação Anual (Gráfico 5) Na abertura por faixa etária, a maioria das dívidas no SPC Brasil, na variação anual, também incidiu sobre os consumidores acima dos 50 anos, com 49%. “Assim como observado na análise da inadimplência, o desequilíbrio econômico afeta principalmente essa faixa etária, porque nela estão os responsáveis financeiros das famílias”, pontua Falci. Entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, esse índice apresentou queda de 25,57%. De 25 a 29 anos a queda foi de 6,89%. Na faixa etária dos 30 a 39 anos, o índice teve crescimento de 0,26% e na de 40 a 49, alta de 6,11%. Já na análise segmentada por gênero, são as mulheres que possuem mais dívidas, com 1,00% na comparação anual. Os homens somam 0,69%. “Uma pesquisa de uso do crédito realizada no 2º semestre de 2016 indicou que a maior parte das mulheres não possui nenhum controle financeiro, fator que pode contribuir para o aumento de dívidas desse público”, explica Bruno Falci. Empresas inadimplentes – Em fevereiro de 2017 houve alta de 8,15% no número de pessoas jurídicas inadimplentes, na comparação com fevereiro de 2016, quando o índice foi de 15,89%. “Encontramo-nos ainda em um cenário econômico desequilibrado, mesmo com o resultado desse ano sendo menor que o do ano passado”, salienta Falci. Para ele, a presença de inflação alta e a taxa de juros elevada “afetam diretamente a estrutura de gestão e a capacidade de pagamento das empresas”. Na base de comparação mensal (fev.2017 / jan.2017) houve um crescimento de 0,13% no número de pessoas jurídicas inadimplentes junto ao SPC de Minas Gerais. Em 2016, o aumento foi de 1,06%. Pessoas Jurídicas Inadimplentes – Variação Anual (Gráfico 6) O setor que registrou a maior quantidade de empresas inadimplentes foi o de serviços. Na comparação anual, a alta foi de 12,72% em fevereiro de 2017, frente ao mesmo período do ano anterior. Falci atribui esse resultado à retração das atividades no setor de serviços. “Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse segmento assinalou uma diminuição de 4,7% em suas atividades no acumulado do ano”, disse. “Esse resultado é reflexo da diminuição das receitas dessas empresas que, por conseguinte, têm sua capacidade de pagamento comprometida”, completa. A inadimplência nos outros setores comportou-se da seguinte forma em fevereiro de 2017 frente ao mesmo período de 2016: indústria (+6,62%); comércio (+6,43%); agricultura (+2,13%) e outros tipos de estabelecimentos (-5,38%). Dívidas das empresas – De acordo com os dados do SPC das CDL’s de Minas Gerais, o número de dívidas em atraso das empresas cresceu 6,47% em fevereiro de 2017, na comparação com o mesmo período do ano anterior. “Novamente percebe-se que o consumo familiar desacelerou por causa do desemprego e a inflação elevada. Como resultado disso, o empresário vende menos e acaba acumulando dívidas”, afirma Falci. Na comparação mensal (Fev.17/Jan.17), as dívidas em atraso apresentaram crescimento de 0,13%. O número médio de dívidas de pessoas jurídicas em fevereiro deste ano foi de 2,08 dívidas por empresa. No mesmo mês do ano anterior, o resultado foi de 2,11 dívidas por CNPJ. Total de dívidas Pessoa Jurídica – Variação Anual (Gráfico 7) Metodologia – Os indicadores de inadimplência apresentados nesse material contêm todas as informações disponíveis nas bases de dados a que o SPC Brasil e as CDL’s de Minas Gerais têm acesso. O indicador de pessoas físicas inadimplentes mostra a variação mês a mês no número de pessoas registradas na base do SPC Brasil. Cada pessoa física inadimplente é contada apenas uma vez, independente do número de dívidas que tenha em atraso. Já o número de dívidas em atraso mostra a quantidade média de dívidas em atraso de cada pessoa física.