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Inadimplência recua entre jovens de 18 a 29 anos após dois meses consecutivos de alta

Sugestão de Pauta

Queda do desemprego contribuiu para que esse grupo etário voltasse a honrar com os compromissos financeiros. Idosos retomaram a liderança do cadastro de negativados

Após dois meses liderando o cadastro de inadimplentes da capital mineira, os jovens entre 18 e 29 anos perderam essa posição e, em outubro, passaram a representar 6,38% do total de devedores. Agora, quem aparece na primeira posição são os idosos  entre 65 e 95 anos, com participação de 33,82% no total de contas atrasadas.  Os dados são do indicador da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH).   

“A queda do desemprego na cidade, especialmente entre a população mais jovem, fez com que o número de inadimplentes deste grupo etário diminuísse. A melhora da capacidade de pagamento, o aumento da renda em circulação e o momento favorável para renegociação de contratos favoreceram esse recuo da inadimplência entre os mais jovens”, explica o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva. 

O dirigente explica ainda que a população idosa acumula maior concentração de dívidas por ser, em sua maioria, a provedora da família. “Além do sustento da casa, esse grupo etário também possui maiores gastos de remédios e consultas médicas, por exemplo. Com a elevação dos preços em geral, há um maior comprometimento da renda. É importante ressaltar que na comparação do mês de outubro com setembro,  houve uma melhora na capacidade de pagamento em todas as faixas etárias”, afirma. 

O mês de outubro registrou inadimplência alta entre ambos os gêneros, repetindo o padrão dos últimos meses. Homens e mulheres possuem um índice de negativação alto, entretanto, eles possuem uma diferença de 0,51 pontos percentuais a mais que elas. Os homens acumulam 5,67% das dívidas e as mulheres 5,16%. 

Na comparação mensal (Outubro.22/Setembro.22), o índice de inadimplência na capital manteve-se em 0,26%, sinalizando uma estabilidade. Na análise anual (Outubro.22/Outubro.21), o indicador aponta um avanço no cadastro de negativados, sendo que, em 2021, registrou-se queda de 1,16% e, em 2022, crescimento de 6,76%. “A aceleração da inadimplência no comparativo anual está diretamente relacionada ao fim dos auxílios financeiros do governo federal e ao avanço da inflação ao longo deste ano, que reduziu o poder de pagamento das famílias. Apesar da aceleração, há indícios de recuo e melhora da capacidade de pagamento dos belo-horizontinos. Inclusive, o mês de outubro já computa recuo no número de devedores”, explica Marcelo de Souza e Silva. 

Número de dívidas por CPF reduz

Em relação a setembro, o mês de outubro registrou queda de 0,23 pontos percentuais em relação ao número de dívidas por CPF. Em outubro, a incidência foi de 1,24%. Enquanto em setembro, o indicador sinalizava 1,47%. “As dívidas por CPF podem diminuir neste fim de ano, devido ao cenário econômico com maior oferta de recursos financeiros, como o pagamento do 13° salário. Isso aumenta a capacidade de pagamento dos consumidores”, prevê Souza e Silva. 

No histórico do ano (Janeiro a Outubro de 2022), nota-se uma redução do número de CPF’s inscritos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Na comparação de outubro com setembro, houve uma retração de 34,5% no cadastro de negativados. Neste ano, o mês com maior redução de dívidas por CPF foi março, que apresentou uma retração de 1,24% em função da antecipação do 13º salário dos aposentados. 

A análise de dívida por gênero revela que homens e mulheres estão com contas atrasadas. A diferença entre eles é de apenas  1,13 p.p., mas, ainda assim, os homens possuem 8% de dívidas a mais que as mulheres. Em relação à faixa etária, as pessoas entre 50 e 64 anos concentram o menor número de dívidas por CPF, 18,18%. Já os jovens adultos de 18 a 29 anos acumulam 40,87%.  Segundo a pesquisa, a ampliação do volume de dívidas nesta faixa etária se intensificou pelo número de contratos inadimplentes referentes aos créditos educativos, custos do cartão de crédito e alta taxa de juros vigente na economia. Esses fatores têm dificultado a negociação dos valores de financiamento estudantil  e demais contratos.

Empresas também estão devendo

A inadimplência cresceu entre as empresas da capital mineira. De acordo com o levantamento da CDL/BH, no mês de outubro houve uma aceleração de 1,22%. Entretanto, apesar do avanço, esse valor representa uma leve queda do número de empresas devedoras em relação a setembro, quando o índice era de 3,1%, uma variação de quase 60%. No que se refere à comparação anual (Outubro.22/Outubro.21), o indicador de inadimplência registrou 6,7%. 

Em relação ao número de dívidas por CNPJ, a pesquisa mostrou que no mês de outubro houve um crescimento de 1,57%. A comparação anual deste indicador (Outubro.22/Outubro.21) registrou um crescimento de 4,28%. “A atividade econômica ainda está em recuperação, o faturamento das empresas ainda não atingiu os níveis pré-pandemia e, com isso, a capacidade de pagamento está fragilizada”, explica o presidente da CDL/BH.

Comércio tem menos devedores

No mês de outubro, o comércio foi o setor que apresentou o menor número de clientes inadimplentes, com retração de 4,13%. Em contrapartida, as empresas onde o cadastro de consumidores negativados está em alta são de água e luz (34,32%), serviços de comunicação (4,06%) e bancos (3,59%). “Um dos motivos que faz com que o comércio tenha menor número de inadimplentes é que, na maioria das vezes, o consumidor utiliza cartão de crédito para pagar suas compras. Dessa forma, o estabelecimento recebe o valor da venda e a dívida do cliente é com a operadora de crédito e não com a loja”, conclui o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva. 

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil