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Mais de 40% das motos que circulam em Belo Horizonte estão em condições ruins, revela pesquisa da CDL/BH

Sugestão de Pauta

Levantamento apontou baixos índices de qualidade na manutenção das motocicletas, considerando quesitos básicos como freios, pneus e equipamentos de segurança 
 
 
Belo Horizonte, 15 de abril de 2015 – Em meio a uma frota circulante que já alcança mais de 1,6 milhão de veículos em Belo Horizonte, segundo dados do Detran-MG, as motocicletas correspondem a 12,3% desse total. O número de motos na capital mineira saltou de 149.046, em 2009, para 202.756 em 2015 (até 08 de abril). Pensando nos reflexos desse aumento da frota de motocicletas, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), por meio da Câmara Setorial Duas Rodas, realizou em 2014 uma pesquisa sobre “Condições da Motocicleta e Equipamentos de Segurança”, em que analisou o estado de conservação e manutenção desses veículos, bem como os itens de segurança utilizados pelos motociclistas.
 
Entre 26 de agosto e 02 de outubro de 2014, foram abordados 224 motociclistas, em seis localidades diferentes da cidade: Avenida Abílio Machado, Avenida Raja Gabaglia, Rua Rio Grande do Norte, Avenida Amazonas, Avenida Vilarinho e Avenida Úrsula Paulino. Como parte da campanha educativa “Ande Seguro”, realizada em parceria com a BHTrans, os motociclistas eram convidados a parar e permitir que seus veículos e equipamentos fossem avaliados por técnicos especialistas em compra, venda, manutenção e uso de motocicletas e acessórios. 
 
A pesquisa analisou itens como características do condutor, ano de fabricação da moto, capacete, calçado, freios, pneus, rodas e condições gerais do veículo. Esses itens foram classificados em três categorias: Boa, Razoável e Ruim.
 
 

Itens avaliados

Descrição

Características do condutor

Idade e profissão

Ano da moto

Ano de fabricação da moto

Capacete

Qualidade e estado do casco, do forro, da viseira e da jugular: arranhões, trincas, botões, presilhas

Calçado

Nível de proteção: o calçado ser de tecido resistente e cobrir o pé e o tornozelo, reduzindo as lesões em caso de acidente

Freio

Pastilhas, discos, cabo, manopla

Pneus

Nível de desgaste, defeitos

Rodas

Falta de raios, amassado no aro, folga de rolamentos

Relação

Tensão, lubrificação e desgaste do equipamento que transmite a potência do motor para a roda (coroa, pinhão e corrente)

Condições gerais da moto

Pintura, amassados, arranhões, peças desgastadas, cabos, sistema de iluminação, banco, instrumentos do painel

 
 
Classificação:
 
Boa – em perfeitas condições de uso.
Razoável – em condição de ser usado, mas que precisa ter acompanhamento frequente e deve necessitar de manutenção em breve.
Ruim – não é adequado para utilização, já deveria ter sido substituído ou recebido manutenção.
 
Para Milton Flores Furtado, coordenador da Câmara Setorial Duas Rodas da CDL/BH, um dos resultados da pesquisa que mais chama a atenção é o que está relacionado ao sistema de freios e pneus. De acordo com o levantamento, 31,4% das motos apresentaram condições ruins dos freios, outros 54,7% razoáveis e somente 13,9% foram classificados como bons. 
 
No quesito pneus, 37,7% das motocicletas tinham condições ruins, 50,7% razoáveis e só 11,7% bons. “Um sistema fundamental para a segurança da motocicleta é o que permite acelerar ou parar o veículo. Os pneus e freios são essenciais para evitar colisões. Mas, o que observamos é que um terço das motocicletas avaliadas não seriam capazes de desempenhar esta tarefa, pois apresentavam defeitos graves”, analisa Furtado.
 
Itens como rodas e o classificado como “Relação”, que é um conjunto de peças que transmite energia do motor à roda e que, se falhar, pode levar à perda do controle da motocicleta e ocasionar ou agravar um acidente, também não apresentaram índices favoráveis, conforme demonstra o gráfico 1 (acima).

No quesito equipamentos de segurança, chama atenção os números que correspondem ao uso de capacete e calçados adequados. Todos os motociclistas abordados na pesquisa usavam capacete, mas cerca de 39% deles poderia falhar no momento do acidente. Apenas 20% dos motoristas usavam calçados adequados, que protegeriam pés e tornozelos em caso de acidente. (gráfico 2)

 

Condições gerais 

De acordo com Milton Furtado, como a pesquisa realizava uma avaliação rápida da motocicleta, em cerca de um minuto, não era possível fazer uma análise detalhada de cada componente ou sistema, e, por isto, foi incluída uma avaliação geral, dando uma nota para a moto como um todo.
 
“Aqui foi identificado o pior resultado da pesquisa, já que em muitos casos a moto era bem avaliada em vários de seus sistemas, mas se algum deles não estivesse em bom estado, a avaliação geral era comprometida”, explica. Segundo ele, a motocicleta só recebia nota boa se todos os seus sistemas, equipamentos e acessórios estivessem em perfeitas condições de uso, denotando um empenho do condutor na manutenção de seu veículo. Como demonstra o gráfico abaixo, somente 7,2% das 224 motos foram avaliadas com boas condições gerais. (gráfico 3)
 
A pesquisa comparou também as condições gerais da moto e seu ano de fabricação. Para Furtado, era de se esperar que as motos mais velhas estivessem em pior estado de conservação do que as motos mais novas. Mas, o que se observou foi o contrário.  Das nove motos com mais de 12 anos de uso, nenhuma estava em condições ruins, já das 134 motos com até cinco anos de uso, apenas duas estavam em boas condições gerais. Das motos fabricadas em 2014, 16 estavam em condições ruins e três estavam em condições razoáveis.
 
 
Avaliação das Condições Gerais da Moto em % por ano de fabricação
 
 

Ano da
Moto

Ruim %

Razoável %

Boa %

Total %

Nº de motos de 
cada idade

1985-99

 

25

75

100

4

2002

 

80

20

100

5

2003

50

50

 

100

4

2004

50

50

 

100

4

2005

50

50

 

100

8

2006

 

67

33

100

9

2007

12

65

18

100

17

2008

21

69

10

100

39

2009

29

71

 

100

14

2010

38

58

4

100

24

2011

62

38

 

100

26

2012

54

43

4

100

28

2013

52

48

 

100

23

2014

84

16

 

100

19

Total Geral

40

52

7

100

224

 
 
O coordenador da Câmara Setorial Duas Rodas da CDL/BH acredita que, pelos resultados apontados na pesquisa, talvez existam dois grupos distintos de motociclistas: “Aqueles que não se preocupam em cuidar da moto por ela ser nova e, quando observam queda na qualidade e rendimento, compram outra; e aqueles motociclistas que se dedicam em manter bem seu veículo, mesmo com muitos anos de uso”.
 
Motofretistas x Demais Motociclistas
 
Ao fazer uma comparação entre os motofretistas com os demais motociclistas, a pesquisa apontou algumas particularidades com relação aos itens analisados. O uso do calçado “ruim” entre os motofretistas corresponde ao dobro dos demais motociclistas. A frequência de uso de capacetes “bons” pelos motofretistas é o dobro da dos outros motociclistas. Nos itens “Freios” e “Relação", não há diferença significativa entre motofretistas e não-motofretistas. A qualidade dos pneus usados pelos motofretistas é ligeiramente superior a dos demais motociclistas. As rodas utilizadas pelos não-motofretistas são muito inferiores às dos motofretistas. Já nas “Condições Gerais”, a incidência de motos em estado considerado “ruim” é um pouco menor entre os motofretistas. (gráfico 4 e 5)
 
Estatísticas de Atendimentos de Urgência a Motociclistas Acidentados – Hospital Pronto Socorro João XXIII
 
Durante a realização da pesquisa e da campanha “Ande Seguro” em 2014, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) fez um levantamento dos atendimentos a motociclistas no Pronto Socorro João XXIII, comparando com dados do mesmo período no ano anterior.  As estatísticas mostram um aumento de 2,5% nos atendimentos, valor que é superior ao aumento da população, que foi de 0,5%, e inferior ao aumento da frota de motos (4,3%).
 
Já no número de mortes observa-se uma redução de 36,3%, o que denota que há um pequeno aumento no número de vítimas, mas uma considerável redução na gravidade, com decréscimo significativo das mortes.
 

Número de atendimentos no HPS João XXIII (no período de 26/08 a 07/10)

2013

2014

Comparação

Atendimentos a motociclistas

874

896

+2,5%

Óbitos de motociclistas    

11

07

-36,3%

 
 
Diretrizes 
 
Milton Furtado explica que o objetivo da CDL/BH e da Câmara Setorial Duas Rodas ao realizarem a pesquisa foi procurar entender melhor o perfil dos motociclistas da capital, buscando chegar até a causa do problema e não somente em suas consequências. Segundo ele, o resultado da pesquisa servirá como diretriz para confecção de cartilhas educativas, além de configurar nas pautas dos debates do Dia do Motociclista 2015, comemorado em 27 de julho.
 
“É um trabalho de conscientização da importância de se manter o veículo sempre em bom estado e com as revisões em dia, e de que o uso de equipamentos de segurança de boa qualidade é essencial. A junção dessas premissas com toda certeza implica em melhorias no trânsito e na segurança dos motociclistas e motoristas em geral”, finaliza Furtado. 
 
 
Sobre a Câmara Setorial Duas Rodas
 
A Câmara Setorial Duas Rodas foi criada pela CDL/BH em novembro de 2010 com o objetivo de diagnosticar, debater e agir de forma proativa em ações que contribuam para o desenvolvimento dos setores do motociclismo e do ciclismo na capital.
As Câmaras Setoriais da CDL/BH são fóruns voltados para a discussão de assuntos que impactam no desenvolvimento dos principais setores do segmento de comércio e serviços de Belo Horizonte. Os encontros visam antecipar soluções e orientar os empresários de cada setor da melhor maneira possível para a construção, desenvolvimento e melhoria de seus negócios.
 
Além da Câmara Setorial Duas Rodas, a CDL/BH abriga ainda outras três Câmaras nos segmentos de Livrarias e Papelarias, Óticas e PET. 
 

Confira no anexo mais dados do setor de motociclismo: