Imprensa - 23 de novembro de 2015 Mercado vê inflação acima da meta em 2016 e taxa de juros a 13,75% Sugestão de Pauta As estimativas dos analistas de mercado para a inflação continuam a se deteriorar de forma expressiva e agora não esperam mais que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique dentro do intervalo da meta definida para o ano que vem. De acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC), a mediana das previsões dos analistas para o aumento do IPCA em 2016 passou de 6,50% para 6,64%. Foi o 16º ajuste consecutivo para cima. Para 2015, a projeção saiu de uma alta de 10,04% para 10,33%. Assim, a inflação deste ano deve deixar uma “herança” maior para 2016. Os analistas também elevaram suas apostas para a alta dos preços administrados, de 17% para 17,43% em 2015, mas mantiveram a previsão para 2016 em 7% de elevação. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 de novembro, prévia da inflação do mês, subiu 0,85%, pressionado pelos preços administrados, e acumulou 10,28% em 12 meses. O BC deve responder a essa deterioração reduzindo menos os juros no ano que vem. Segundo o Focus, a Selic deve sair dos atuais 14,25% para 13,75% até o fim de 2016, em vez de 13,25% como estimado anteriormente. Há um mês, esperava-se que a Selic terminasse o próximo ano em 13%. Naquele momento, a expectativa para a inflação de 2016 era de 6,22%, abaixo do teto da meta. Os analistas Top 5 – que mais acertam as previsões – elevaram a estimativa para o aumento do IPCA em 2015 de 10,28% para 10,53%, mas mantiveram a previsão para 2016 em 6,98% de alta, ainda acima da mediana do mercado em geral. Ainda não alteraram o prognóstico para a Selic, que segue em 13% ao fim de 2016. As previsões são medianas de médio prazo. Atividade econômica Os analistas de mercado reduziram a estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e agora esperam queda de 3,15%, ante recuo de 3,10% previsto anteriormente. A mediana das estimativas para o resultado do PIB de 2016 saiu de recuo de 2% para queda de 2,01%. Na semana passada, foram divulgados os dados que faltavam para fechar as contas da atividade econômica no terceiro trimestre, e eles confirmaram que o período foi muito ruim para empresas e cidadãos, corroborando expectativas mais baixas para o desempenho do PIB do ano. Em 1º de dezembro, o IBGE informa o resultado do PIB do período e o que analistas estimam é uma queda maior que 1%, após a contração de 1,9% no segundo trimestre. Expectativas para 2017 Analistas de mercado acreditam que o BC vai segurar a taxa Selic em 14,25% até setembro do ano que vem, de acordo com boletim Focus. Até a semana anterior, a expectativa era de que o atual nível do juro fosse mantido até julho de 2016, para depois cair a 13,25% em dezembro. Agora, a expectativa é de que a redução será menor, para 13,75%. A possível manutenção do juro por um período mais extenso seria uma resposta a uma inflação mais pressionada. A expectativa é que o IPCA termine 2016 acima da meta, em 6,64%. Em 2017 a inflação deve subir 5,1%. Na semana passada, a expectativa era de 5%. O mercado acredita que inflação na meta de 4,5% só será alcançada em 2019, após alta de 5% em 2018. Fonte: Ana Conceição| Valor Econômico – Boletim Focus