Imprensa - 22 de novembro de 2018 Pagamento do cartão de crédito compromete mais de 30% da renda de quase metade dos consumidores da capital Sugestão de Pauta O cartão de crédito é uma das principais modalidades de pagamento usadas pelos consumidores em todo o mundo, e entre os belo-horizontinos, sete em cada dez (76,9%) fazem uso desta modalidade de pagamento, de acordo com pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). Desses, 88,4% possuem cartão de débito, 78,5% de crédito e 21,4% de lojas. Porém, o uso desta modalidade de pagamento exige planejamento para evitar que o cartão não se torne um vilão. Segundo o levantamento da CDL/BH, 40,7% dos belo-horizontinos estão com mais de 30% de sua renda familiar comprometida com o pagamento de compras parceladas no cartão de crédito. Para a economista da CDL/BH, este alto número de pessoas que estão com os rendimentos comprometidos com o pagamento das faturas é consequência da redução da renda dos consumidores, associada à falta de planejamento financeiro das famílias. “Com menos dinheiro disponível para o pagamento à vista as pessoas acabam recorrendo ao crédito. Porém, elas não consideram o impacto que a soma de todas as prestações terá em seu orçamento, o que é reflexo da falta de organização de suas finanças”, explica Ana Paula. Quando separados por gênero, 42,2% das mulheres e 38,4% dos homens têm mais de 30% da renda comprometida com a fatura do cartão de crédito. Por faixa etária, os adultos (35 a 64 anos) são a maioria (47,7%) com mais de 30% dos rendimentos destinados ao pagamento de compras parceladas. “Este alto grau de comprometimento da renda dos adultos é resultado do desemprego ainda em níveis elevados, que provoca uma redução da renda disponível em circulação”, esclarece a economista da CDL/BH. Já entre as classes sociais, a maior concentração de pessoas com a renda destinada à quitação dos débitos do cartão de crédito está na C/D (44,3%). Mais de 50% dos moradores da capital possui apenas um cartão de crédito. Alimentos e roupas são os produtos mais comprados Em relação à quantidade de cartões, mais da metade dos consumidores (53,2%) possui apenas um cartão. Já 32,9% têm dois, 6,5% três e 7,4% quatro ou mais cartões. Perguntados sobre a frequência que utilizam o cartão de crédito para pagar suas compras, a maior parte dos entrevistados (65,7%) afirmou que é sempre ou quase sempre. As mulheres (54,5%), os idosos (53,6%) e as classes A/B (72,5%) são os que mais fazem uso desta modalidade de pagamento. Já os produtos mais comprados com o cartão de crédito são os alimentos (62,7%) e roupas (49,4%). “Esses itens são essenciais para o dia a dia, por isso, devido à falta de recursos, as pessoas estão recorrendo ao crédito para comprá-las”, comenta Ana Paula. Os demais produtos citados foram: calçados e acessórios (35,3%); eletrônicos (34,4%); farmácia/remédios (27,4%); restaurantes (25,9%); lazer (24,8%) e viagens (17,8%). Parcelamento do valor das compras é apontado como principal vantagem do uso do cartão de crédito A pesquisa da CDL/BH também investigou quais as principais vantagens do uso do cartão de crédito. Entre os usuários dessa modalidade, 30,1% apontaram que a possibilidade de parcelamento do valor da compra é a principal vantagem para uso do cartão de crédito. Em seguida, os entrevistados citaram ter mais prazo para o pagamento (21,1%) e poder fazer compras mesmo quando não tem dinheiro (15,9%). “Quando utilizado de forma consciente, o cartão de crédito é um importante aliado na gestão do orçamento. Porém, os benefícios de parcelamento podem induzir o consumidor a um comportamento arriscado, o que pode resultar na inadimplência”, esclarece a economista da CDL/BH. Já entre as desvantagens, a principal é o risco de perder o controle do quanto já foi gasto e ter uma surpresa desagradável quando chegar a fatura (23,3%). A classe E (33,7%), os homens (25,3%) e os jovens (34,7%), são os que mais têm essa preocupação. Na sequência também aparece o atraso no pagamento e o alto valor cobrado referente a juros (17,5%) e a clonagem do cartão (16%). Quando perguntados se o fato de não poder pagar as compras com cartão de crédito seria motivo para desistir de consumir em determinado estabelecimento, 25,7% dos entrevistados afirmaram que já deixaram de comprar por esse motivo. Já 20,9% responderam que isso nunca aconteceu, mas que também deixariam de consumir por isso. Enquanto a maioria (53,5%), disse que quando não é possível pagar no crédito, utiliza outra modalidade de pagamento. 67,5% dos consumidores possuem compras parceladas no cartão de crédito. Entre eles, 9,1% têm prestações atrasadas A pesquisa também mostra que a maioria dos consumidores (67,5%) utiliza do recurso de parcelamento para realizar suas compras. Entre os que escolheram dividir os pagamentos, 9,1% afirmaram que possuem prestações atrasadas. Desses, 30% tem uma parcela pendente, 25% duas, 5% três, 5% quatro. Já 35% não tem o controle de quantas prestações estão vencidas. Outro ponto perguntado na pesquisa foi sobre o pagamento do mínimo da fatura. Em relação a isso a maior parte dos consumidores (63,2%) afirmou que sempre paga o valor total da fatura, já 18,2% respondeu que já pagou o mínimo, mas há pelo menos 12 meses não paga a fatura do cartão desta forma. “Os juros do cartão de crédito estão entre os mais altos do mercado, por isso é muito importante que a quitação das compras seja feita em dia, evitando assim um possível endividamento”, comenta Ana Paula. Os demais consumidores afirmaram que: nunca pagou o mínimo, mas já pagou apenas uma parte da fatura (11,3%); costuma pagar o mínimo às vezes ou quando precisa (6,9%) e sempre paga apenas o mínimo (0,4%). Mais de um quarto dos consumidores não tem controle das compras que realiza no cartão de crédito O hábito de realizar o acompanhamento de todas as compras feitas no cartão de crédito ainda não é realidade para 25,9% dos belo-horizontinos. “Planejar as despesas, organizar o orçamento do mês de acordo com a renda disponível e controlar as compras parceladas do cartão de crédito é fundamental para uma vida financeira saudável. Porém uma parte ainda considerável da população não possui esse costume, o que é muito preocupante, pois favorece o aumento da inadimplência”, esclarece Ana Paula. Em contrapartida, a maioria dos moradores da capital (74,1%) afirmou fazer o acompanhamento regular do que consome no cartão de crédito. Entre eles, o controle é feito da seguinte maneira: anota em caderno/agenda (17,6%); controla de cabeça (17,5%); anota em planilha no computador (17,2%); registra as compras em aplicativo do celular (13,8%); somente lê a fatura fechada no final do mês (8%). Por faixa etária, os idosos são os que menos controlam os gastos (59,3%), enquanto os adultos (80%) representam a maior parcela dos que fazem o acompanhamento das compras. “Essas pessoas costumam ser as responsáveis financeiras pelas famílias, por isso possuem uma preocupação maior com a administração do orçamento”, justifica a economista da CDL/BH. Já entre as classes, a A/B é a que mais tem controle do que consome no cartão de crédito (85,8%), e a classe E representa a que menos faz esse acompanhamento (64,2%). “Isto demonstra uma falta de planejamento financeiro entre as pessoas da classe E, e esse resultado está diretamente ligado aos números de inadimplência, que é alta nessa classe”, acrescenta Ana Paula. Parte dos belo-horizontinos não tem conhecimento sobre a anuidade e taxa de juros paga no cartão de crédito Apesar do grande número de consumidores que utilizam o cartão de crédito, quase a metade deles (48%) não sabe o valor que paga pela anuidade cobrada pelas operadoras dos cartões. As mulheres (49,7%) e a classe E (72,8%) são os que têm menos conhecimento da tarifa paga. Outra informação importante que é esquecida por um alto percentual dos entrevistados é sobre a taxa de juros mensal cobrada quando o valor total da fatura não é pago. A maioria dos consumidores (63,7%) que possuem cartão de crédito não sabe o valor dos juros cobrados quando não consegue quitar integralmente o cartão de crédito. Desses, 32,2% afirmaram que pagam ou já pagaram o mínimo do cartão. “Grande parte dos consumidores desconhece os altos valores dos juros do cartão de crédito e não sabe o quanto perde dinheiro ao utilizar o cartão sem colocar todas as contas no papel”, conclui a economista da CDL/BH. Enquanto entre os que têm conhecimento sobre a taxa de juros (36,3%), a maior parte (76,8%) nunca realizou o pagamento do mínimo. Metodologia – Foram entrevistados 350 consumidores de Belo Horizonte, no período de 15 de outubro a 13 de novembro de 2018.